sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Bastidores do espetáculo

Sinto um frio que vem de dentro
Deságuo um choro que vem da alma
Caída e rodeada de tantos tormentos
E de pílulas que forjam minha calma

No fundo sei que sou como o palhaço
Performático num palco, fazendo rir
Minha cara pintada maqueia o espaço
Que cabe o cinza teimoso em me colorir

Como posso fazer tão bem aos outros
Se minha vontade de se separar de mim
vez em quando fala alto pelo cantos?

Enfim, obrigada por me deixar falar
Desculpe a pressa, mas é que preciso ir
Sabe como é, meu show tem que continuar

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Saturação

Eu preciso me render
Você precisa saber
Cansei de ser assim
Afastar tudo de mim
O medo de me entregar
Fez minha luz se apagar
Cansei de ser cética
Que se foda a ética
Quero você inteiro
Nesse fim de fevereiro
Não tem tempo melhor
Pra sorver o seu suor
Me sentir protegida
Cicatrizar a ferida
Que fez da rima pobre
A verdade mais nobre

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Furacão contido

Não adianta querido
Eu sou uma eterna contradição
Não cobre de mim um sentido
Sou movida a amor e diversão

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Invejosa confessa

Morro de inveja dos amores limpinhos, de gente tom pastel e que habita o senso comum. Hum (acende um cigarro)... não me olha assim.
Meu amor, sou ser pensante e inquieto, não me conformo com essa atmosfera de bondade higiênica por trás das coisas perfeitas, na medida.
Eu não nasci pra viver num mar de rosas e fico puta com quem se conforma em viver na hipocrisia, na mentira, na mera representação dos papéis sociais.
Cansei de perdir aos céus um amor limpinho, amor de almoço de domingo, sabe? Mas porra, eu não acredito em monogamia, muito menos em fidelidade. Nós, seres humanos, não sabemos viver sem conquistar as coisas e isso inclui pessoas também. Anos ao lado de alguém faz perder a graça, tudo fica muito fácil e repetitivo. Olha, não pense que eu não sou romântica, porque sou até demais. Eu sou artista, vivo da representação dos meus sentimentos e emoções. Nossa, você me deu uma luz (amassa a bituca no cinzeiro lascado)! Acho que descobri a causa dos meus relacionamentos serem tão intensos, conturbados e passageiros. É o combustível perfeito, entende? A conquista, a paixão, as dezenas de horas de cama, as crises e o luto do fim. Tudo vira poema, conto, desenho, música, roteiro, etc.
E não, não venha com esse papo de casar e construir família. Você já viu meu pai? Já viu a relação que temos? Ele é o Narciso em pessoa, nunca quis me conhecer de verdade. Quero filhos, sim, mas não me agrada a idéia de eles terem pai. Aliás, nem mãe.. Você já percebeu como nossos pais nos fazem mal, mesmo sem perceber? Não quero fazer mal a ninguém.
Entende o por quê de eu invejar as pessoas 'nude'? Elas são normais, parecem conhecer o equilíbrio, a rotina saudável, coisas que eu abomino. Ah, meu querido, ainda bem que existem os amigos, como você, pra fazer essa minha vida valer a pena. Os inadequados acabam sempre encantando ou inspirando pessoas, mas o preço pago por isso é bem alto...
Vai, me serve mais um pouco desse conhaque horrendo aí...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O hoje

Hoje não sou poeta
Hoje não tenho razão
Hoje não tem hora certa
Hoje sou só ilusão

Hoje não tem métrica
Hoje não tem mapa da mina
Hoje briguei com a ética
Hoje só me importa a rima

Hoje eu vou me permitir
Hoje vai ser tudo assim
Hoje vou deixar você subir
Hoje você dentro de mim